Vivemos tempos estranhos…

Tempos de recessão, inflação, dólar alto…

O mercado se adapta do jeito que pode para acomodar as finanças. Então, embalagens perdem peso, tamanho. Inventam versões family cujos os tamanhos eram os mesmos da versão comum anos atrás para cobrarem mais pelo mesmo e assim vai.

Nesses últimos anos, absolutamente tudo que eu usava sumiu do mercado. Meu absorvente higiênico foi a primeira vítima. Fui salva pela menopausa. Como ele, não existe mais.

Minhas camisetas de algodão peruano foram a segunda vítima. Sumiram. A empresa que fazia meus casacos de couro desapareceu. Meu tênis Adidas também não existe mais. Nem como ele. Leve, confortável e de secagem rápida. Comprei um Terrex (que também não existe mais) como substituto. Nossa, pesado que só!

E com todo o resto foi assim…

Foram anos desesperadores para mim. Para falar a verdade, ainda são. Um pouco menos assustadores hoje, mas longe da segurança que já tive.

Na vida nunca passei por algo assim. Downgrade de qualidade em tudo dessa maneira.

Sim, eu vivi os terríveis anos de hiperinflação nos anos 80. Era próximo disso. Mas não tão rápido como vimos nos últimos anos.

Mas voltemos ao passado recente …

Substitui minhas camisetas de algodão peruano por camisetas de algodão e poliéster. Não é a mesma coisa.

O resto não consegui substituir ainda.

Mas, enfim, é assim que estamos.

E essa crise também afeta os setores culturais. Livros estão caríssimos. Mesmo com o uso de material inferior.

Um caso famoso foi o do box de O Senhor dos Anéis.

Fabricados originalmente no Brasil passaram a ser feitos na China durante a pandemia. Choveram críticas quanto ao acabamento final bem inferior ao nacional. O que levou a uma onda de queixas e devoluções.

Mas isso é até bastante compreensível. Estávamos em uma pandemia.

O que não é compreensível é que se engane a população. E isso está acontecendo como no caso das embalagens de alimentos cada vez menores e mais leves. Já viram as caixas de bombom? Logo vai ter um bombom apenas lá dentro!

Um horror!

Mas gostaria de comentar outro fenômeno dos tempos atuais. Já viram a onda de produtos que estão sendo feitos para ‘colecionadores’?

Já prestaram atenção à ‘qualidade’ e quantidade do que está vindo nesses box?

Sabem, antigamente quando se falava em box de colecionador era algo realmente bacana. Tenho até hoje uma mochila que veio com meu box do Superman. Do qual veio também um boné, uma camiseta e sei lá mais o quê…

Box de colecionador era assim. Eram caros mas valiam a pena.

Pois bem, hoje você paga 300 reais em um box com um livro, alguns marcadores de páginas e um copo de plástico daqueles mais vagal possível!

Para mim, lembram copinhos para crianças pequenas de 50 anos atrás.

E, claro, eles vendem A CAIXA como parte do kit! Eu gostaria que fosse uma piada, mas, infelizmente, não é.

Fazem as pessoas de bobas!

E o que falar das caixas misteriosas que você paga 150 reais (ou mais) por algo similar? Eles trocam o livro por um caderno (sem pautas. Não gastam nem com isso) ou uma camiseta. Fica pior porque você paga antecipadamente sem nem saber o conteúdo das mesmas! Obviamente eles vendem isso como o máximo do super, mega, cool!

Essas coisas vendem!

Eu acho isso tudo ridículo. Pelo amor dos meus filhinhos!

Cobrar marcador de livro como algo especial? A gente recebia um em cada livro que compravámos no passado em uma livraria.

Agora é produto licenciado exclusivo!

Ainda tenho um do Senhor dos Anéis lá da época dos filmes. Oficial. E aquele sim poderia ser chamado de marcador. Plastificado e com o tassel. Tassel é aquela cordinha que antigamente eram comuns neles.

Hoje nem isso! É só um pedaço de papelão! Não se dão nem ao trabalho de plastificar ou furar!

Ao invés de uma bela caneca de cerâmica, agora temos copos de plástico dos piores. Praticamente descartáveis. Aliás, tudo na caixa é descartável.

Bonés, camisetas e até sacolas e mochilas? Esqueça!

Mas a coisa fica completamente fora de controle quando não tendo mais o que vender, apelam para a beleza da caixa. Não contentes apelam para CHEIRO da caixa. Já vi isso! Por mais insano (ou safado!) que seja.

Parece que as pessoas não ligam para essa exploração tanto quanto eu. Mostrei uma delas para um amigo e ele disse que compraria que tivesse dinheiro. Fiquei sem palavras.

Chego a sentir um certo alívio por ter vivido tempos melhores. Tenho ainda um bom material promocional de O Senhor dos Anéis. Da época. Que ganhei de graça.

Para vocês verem como as coisas eram. Um dia entrei em uma livraria para comprar DVDs. Havia um poster enorme promocional da Sociedade do Anel. Como na época eu era owner de um grupo de fãs de Tolkien perguntei se por acaso eles não tinham um poster para a gente usar nos nossos eventos.

Gente, o cara simplesmente pegou o poster que estava em exposição e me deu. Assim! Um poster gigante de lona. Já viram o preço para fazer um? Pois é. E nem precisei apresentar nenhuma prova do que dizia.

Era assim. Imagina isso hoje em tempos que vendem marcadores de livros raquíticos como algo exclusivo…

É muito triste.

Apesar da crise mundial, lá fora não está assim, não. Vejo pelos discos de vinil. Houve uma queda de qualidade durante a pandemia, mas o setor cresce novamente.

Aliás, está valendo muito mais a pena comprar discos que livros devido a essas distorções. Mas isso é papo para outro post.

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